
Não importa a região do país, nem a estação do ano: as quedas de
energia elétrica são parte do cotidiano do brasileiro. Além dos
blecautes, raios também danificam os aparelhos. Mas os consumidores
podem tomar medidas simples para diminuir prejuízos e evitar que
eletrônicos "queimem".
É preciso distinguir as descargas elétricas causadas por raios de
eventos de sobretensão – quando a energia elétrica da rede está com
voltagem acima do normal. "O raio, quando atinge a rede, percorre seu
caminho até encontrar uma parte aterrada, onde é descarregado. Aparelhos
sensíveis, como lâmpadas e fontes de alimentação de computadores e TVs,
podem estar no meio desse caminho e acabam danificados", explica
Reinaldo Lopes, professor de Engenharia Elétrica da FEI.
Já no caso do apagão, o principal problema não é o desligamento abrupto
do eletrônico, mas a volta da energia. Segundo Lopes, as
concessionárias dispõem de equipamentos que regulam a voltagem da rede. A
tensão tem de ser balanceada antes de chegar às residências, pois os
equipamentos estão preparados para suportar um valor máximo – acima
dele, queimam.
Existem eletrônicos já preparados para funcionar em voltagens mais
altas (230V, 240V). Mas no restabelecimento da eletricidade pode ocorrer
sobretensão, o que danifica eletrônicos que usam voltagens mais baixas
do que a recebida durante o evento.
O que fazer?
Quando ocorre um blecaute, o ideal é desligar todos os equipamentos
sensíveis – por exemplo, computadores, televisores, aparelhos de DVD e
de som. "Não necessariamente da tomada. Se o eletrônico dispõe de botão
de desligar, já é suficiente para protegê-lo", avisa Lopes.
A medida também é recomendada em casos de variação da tensão – quando a
energia não chega a cair completamente e oscila entre altas e baixas
tensões.
No caso de descargas elétricas por raios, é recomendável instalar
dispositivos de proteção contra surtos de tensão (DPS). Eles ficam junto
ao quadro geral de distribuição da residência e descarregam os pulsos
através do fio de aterramento. O número de dispositivos que serão
instalados depende de cada residência – cada um tem preço aproximado de
R$ 50.
Também existem DPSs que podem ser instalados diretamente na tomada
utilizada por equipamentos sensíveis, como computadores. Além deles, há
os no-breaks, equipamentos que protegem contra a sobretensão e têm
bateria própria que mantém o computador ligado. São vendidos a partir de
R$ 250.
O eletrônico queimou. E agora?
Independente do motivo do blecaute, o consumidor tem direito a pedir o
ressarcimento em dinheiro quando tem equipamentos danificados. Uma
resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estipula que a
reclamação pode ser feita diretamente à concessionária de energia em
até 90 dias. O aparelho quebrado deve permanecer guardado.
A empresa tem então dez dias para inspecionar o bem danificado. Após o
período, a empresa tem mais 15 dias para definir se haverá ressarcimento
ou não do valor equivalente ao equipamento. E outros 20 dias para
realizar o pagamento.
"Geralmente, as concessionárias procuram se abster desse pagamento. Mas
mesmo que o consumidor tenha a reclamação indeferida, pode procurar o
Procon da sua cidade para buscar o ressarcimento, após esgotado o canal
com a empresa", explica Carlos Coscarelli, assessor chefe do Procon-SP.
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